dezembro 15, 2010

Balanço das 4 horas

Jammie era uma garota delicada e sonhadora que passava horas em uma praça ao lado de casa, sentada em um balanço sonhando que pudesse ver de novo os rostos de seus amigos que foram levados pelo tempo. Rostos felizes, a sorrir e brincar. Passava tanto tempo ali que até o vento e a brisa estavam acostumados com sua presença.
No fundo, Jammie sabia que ninguém apareceria por ali e que ela só estava com medo de esquecer. 
− Venha para dentro, Jammie. Está tarde. Era o que sua mãe dizia a todo entardecer, ela mal dormia, apenas contemplava fotos em seu pesado álbum cor de turquesa em que seus melhores momentos estavam guardados. 
"Só tem o poder de enfeitiçar-nos com nossas melhores lembranças enquanto imploramos para que elas voltem novamente.''
Constantemente, ao olhar o álbum lágrimas caiam de seus olhos manchando suas fotografias, enquanto mais dessas caíam como gotas de chuva em dias de verão.
Todos os dias acontecia o mesmo, ela ia para o seu mesmo balanço esperar pelos mesmos amigos e lembrar de suas mesmas lembranças, porém, certo dia havia um garoto em seu balanço com uma mochila grande nas costas, com um estilo que ela não negara: a agradava muito. Mesmo assim, ela não iria deixar que um garoto sentasse em um lugar que ela julgava ser dela e pensava que seus motivos poderiam justificar o que fosse dizer. Então, chegou firmemente e como se ele adivinhasse, sentou no balanço ao lado. Ela fez de conta que não viu, sentou normalmente e não deu atenção aos olhares que ele lançava sobre ela.
− Me desculpe, estava querendo sentar-me aqui há um tempo, mas sabia que você sempre vinha aqui... Só queria um lugar longe de todos. 
− Fique à vontade.  Repondeu Jammie de forma seca, mas gentil. Esse era o dom de Jammie, não deixava que as pessoas soubessem o que ela estava sentindo, assim, as pessoas não se preocupavam com ela, pois no fundo nunca quis incomodá-las com seus problemas e essa foi uma característica que ela adquiriu com o tempo. Os dias se passaram e em todos eles se encontravam ali, porém seus olhos nunca se encontravam e seu nome ela nunca soube, mas resolveu imaginá-lo como George.
Era um dia comum, uma tarde comum quando George sentou como nos outros dias calado ao lado de Jammie. Ela instintivamente olhou para ele e ele retribuiu o olhar, quando George foi ao encontro de seus lábios e ela aos seus, beijaram-se intensamente mesmo que por poucos segundos. 
− Preciso ir. Já fiz o que tinha de fazer. Disse Jammie, levantando-se.
George, ao não entender o que acabara de ouvir, perguntou: − Um beijo? Era isso o que você queria?
Jammie, com o mesmo ar calmo e doce lhe olhou firmemente nos olhos e respondeu: − Não, uma lembrança.

4 comentários:

  1. Achei a personagem encantadora e um texto bonitinho mesmo, uma história que valeu a pena ser lida até o final. Adorei o modo como você projetou o final, para ficar a incógnita do que acontecerá depois sem deixar de explicar o que Jammie realmente queria.
    Parabéns, seus textos são ótimos.

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  2. adorei o texto. eu tava lendo e ja iamginando o final não que eu queria que tivesse que acabar logo eu queria saber no que ia dar e vc ta de parabéns. produza mais textos "FURTURO PROMISSOR"RSRSRS BEIJÃO

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  3. gostei . muiito desse texto . parabens . voce é uma otima escritora . bejus '

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