Caro sr. Inverno,
há tempos tento mandar-lhe esta carta mas o calor, incompreensível como ele só, me impede de tal coisa.
Andas sumido e tudo relativo a ti também. Não sabes o quanto sinto falta das chuvas que não eram fortes, e sim satisfatórias. Sinto falta do prazer em tomar algo quente, de enrolar-me em minhas cobertas, aproveitar cada minuto sentindo a sensação térmica de menos cinco graus e poder dormir tranquilamente com minhas meias coloridas sem precisar me mexer muito pelo desconforto de ter aqueles pernilongos intrusos zunindo em meus ouvidos à noite.
As pessoas daqui me chamam de louca por não estar aproveitando com tanta intensidade o tão desejável (lê-se indesejável) calor. Mas cá para nós, não vejo a menor graça em estar sempre suada. (Observando que as pessoas encontram o frescor nos ventiladores o que significa que elas não esqueceram totalmente de você).
Só um tolo gostaria de entrar em um forno e ficar torrando por mais de uma hora e é assim que me sinto por aqui. É difícil respirar.
Na verdade, é difícil fazer qualquer coisa com este calor insuportável. Só peço-lhe para que não demore a retornar, pois preciso de ti aqui. E espero que reconheças que aqui serás muito bem-vindo e que há muitas pessoas à tua espera.
Ainda falta uma estação até sua chegada, mas estarei lhe esperando com total ansiedade.
Atenciosamente,
tua admiradora secreta.
Você escreve muito bem, seus textos sempre surpreendem.
ResponderExcluirwww.patienceshouse.blogspot.com
Beijos,
Mariana.