janeiro 27, 2011

Uma carta ao sr. Inverno

Caro sr. Inverno,

há tempos tento mandar-lhe esta carta mas o calor, incompreensível como ele só, me impede de tal coisa.
Andas sumido e tudo relativo a ti também. Não sabes o quanto sinto falta das chuvas que não eram fortes, e sim satisfatórias. Sinto falta do prazer em tomar algo quente, de enrolar-me em minhas cobertas, aproveitar cada minuto sentindo a sensação térmica de menos cinco graus e poder dormir tranquilamente com minhas meias coloridas sem precisar me mexer muito pelo desconforto de ter aqueles pernilongos intrusos zunindo em meus ouvidos à noite.
As pessoas daqui me chamam de louca por não estar aproveitando com tanta intensidade o tão desejável (lê-se indesejável) calor. Mas cá para nós, não vejo a menor graça em estar sempre suada. (Observando que as pessoas encontram o frescor nos ventiladores o que significa que elas não esqueceram totalmente de você). 
Só um tolo gostaria de entrar em um forno e ficar torrando por mais de uma hora e é assim que me sinto por aqui. É difícil respirar.
Na verdade, é difícil fazer qualquer coisa com este calor insuportável. Só peço-lhe para que não demore a retornar, pois preciso de ti aqui. E espero que reconheças que aqui serás muito bem-vindo e que há muitas pessoas à tua espera.

Ainda falta uma estação até sua chegada, mas estarei lhe esperando com total ansiedade. 

Atenciosamente,
tua admiradora secreta.

Um comentário:

  1. Você escreve muito bem, seus textos sempre surpreendem.

    www.patienceshouse.blogspot.com

    Beijos,
    Mariana.

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